segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A TRAGÉDIA EM NIETZSCHE

A visão de um mundo que passa pela alternância indefinida da criação e da destruição, da alegria e do sofrimento, do bem e do mal, leva Nietzsche a enxergar na tragédia grega o oposto do cristianismo, pois, num mundo trágico não há redenção, entendida como salvação de um existente finito na sua finitude, há apenas o processo permanente de declínio de tudo aquilo que emerge do fundo do ser para a existência individualizada, que se separa do todo para se individualizar.
O sentimento trágico consiste na aceitação da vida, a aceitação também do horrível, do medonho, da morte e do declínio, a vida como uma grande economia, onde tudo é necessário. Possuir tal atitude diante da vida não seria para Nietzsche simples heroísmo ou coragem, mas sim o conhecimento de que todas as coisas finitas são apenas temporárias na grande corrente da vida, que seu declínio não significa a destruição simples e pura, mas um retorno ao fundo da vida da qual emergiu como forma individualizada. A tragédia grega nos mostra que “tudo é uno”, vida e morte seriam faces da mesma moeda, enquanto surgem formas, outras se desagregam, luz e trevas, ascensão e declínio seriam faces da grande corrente que é a vida.
Nesse primeiro capítulo será tratado o modo com que Nietzsche entende a tragédia grega e por fim a morte do trágico causada pela separação entre Dionisíaco e o Apolíneo.

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